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um pouco disto, um pouco daquilo..acolá.

Monday, November 21, 2005

a minha intenção (continuação)

como vês, bem te entendo. também sei que te passeio pela mente. vá-se saber porquê.. e sem que necessariamente eu te raspe a visão com a minha passagem. creio nisto. és seguramente pouco mortal, mas também pouco imortal. acho que por momentos até te julgas morto. mas terá um morto legitimidade para destabilizar as hormonas de um vivo? de um semi-vivo, diga-se, que eu também não me julgaria propriamente com as características de alguém que vive.. é mais poético descrever o meu estado como um sonambulismo. não custa tanto e é mais aceite. afinal todos nós somos sonâmbulos um dia.
falaste do esquecimento. não em geral, circunscreveste. custou-me, de um custar do qual custa falar. assumo fraquezas, entristeceste-me. tornaste toda a minha inútil esperança ainda mais inútil. fútil.
eu desejava, com sobrevivente alma, passar através de tudo isto ilesa. com um sublime relance, infantil. um dia desculpei-me pela minha atitude. quase te passei um atestado de linearidade adulta. que adulto tu és! principalmente quando transportas pequenas partículas de álcool no plasma. e algumas verdades..
os dias passam e não te vejo. penso em ti, sonho contigo..não te vejo. eu não entro no teu filme e duvido que algum dia entres no meu. mas eu continuo a querer dar-te um papel relevante. a minha vida é feita de talvez. por isso talvez o mereças.
a realidade objectiva é por vezes insuportável. há que agir contra esses rasgos de incapabilidade. e sonhar, jogar, entrar noutro espaço que não este. assim o fiz um dia. assim foste o meu real objectivo um dia. eu corri, eu esquivei, eu argumentei, eu mostrei a minha carga hormonal. era o meu filme. como um sonho, um jogo, outro espaço. o dobro do som, o dobro das cores, o dobro do perigo, o dobro das sensações.. naquele dia eras meu. não foste.. a primeira parte do meu filme foi um fracasso. não houve lugar a segunda, terceira, quarta parte. o público repudiou-o. meu espanto quando percebi que tu fazias parte do público. nunca estiveste comigo do outro lado, o da película. nunca foste o meu real objectivo. pior para mim.
alguma vez me sentiste? cada uma das tuas pontes de comunicação com os outros são frágeis. a que tens comigo é praticamente inexistente. auxilio-me da tolerância para não te agoniar. dói como ferros na espinha. tentarei um dia um analgésico potente. forte o suficiente para me tornar imune à pressão. o meu medo é o de sentir mais tarde que não lutei. porque efectivamente nunca lutei por nada. o meu grau incisivo vacila consoante o acordar. será que estou acordada o bastante? poderia eu acordar mais um pouco?
as mazelas são internas, não visíveis, mas ando a enxertar-me todos os dias.

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